Friday, January 09, 2009

III - Altura

1.77m (No CC, mas é capaz de ser mais)

Eu sempre fui alta. Sempre. Já saí da barriga da minha mãe mais alta que os outros da minha idade (Precoce? Não, alta!).
Nas fotos da escola, eu era aquela que ficava acima da linha criada pelas cabeças dos meus colegas. Até a minha mãe dizia que eu parecia a burrinha que tinha ficado para trás, e por isso mais velha que os outros todos. O que era em parte verdade, porque faço anos em Janeiro e era mesmo mais velha que quase todos, o que ainda aumentava mais a diferença.
Para ajudar à festa, um dos meus melhores amigos tinha metade do meu tamanho e foi o meu par na festa da primeira comunhão, o que fez rir à grande os nossos pais quando entramos no cortejo. Ainda hoje, estamos os dois no teatro e temos sempre de fazer cenas juntos, que é mais divertido (de preferência comigo de saltos).

Ser alta dá jeito para muitas coisas. Arrumar e tirar as coisas da prateleira de cima, conseguir encontrar gente conhecida num concerto apinhado, nunca ter de fazer bainha nas calças, tal e tal...
Joguei vólei por mais de dez anos e era sempre mais fácil: um bloco bastante intransponível e quando a bola vinha a jeito, rematar direitinha para baixo.
Por outro lado, é chato. Ter de fazer de "escadote" para toda a gente, encontrar calças compridas que chegue, não poder usar saltos altos muitas vezes, por pena de receber olhares acusadores tipo " Não achas que já te chega?" ou "Assim fazes-me parecer atarracada!" ou ainda o estranho olhar de camponês a suplicar ao gigante de 10m de altura "I feel small..."
Para além disso, há algo de desconcertante sobre o facto de se conseguir ver o topo das cabeças de cerca de 85% das pessoas em qualquer sala.

E ter de ouvir o infame comentário "Estás tão alta", durante um intervalo de tempo muito maior que a puberdade e até agora ainda sem fim à vista, e em todas as suas variantes, incluindo entre outras:
o absoluto analítico - "estás muito alta"
a constatação simples - "és muito alta"
a constatação confirmada - "és mesmo alta, não és?"
e o célebre spin-off - "estás de saltos? ah, não"

Por isso recentemente, e após anos de opressão (pode-se chamar opressão se vem de baixo?), decidi que basta!
A partir de agora, o dito comentário "És alta", receberá sempre da minha parte a resposta "E tu és baixa". Não me critiquem, não é um insulto, é apenas a constatação simples em modo contrário e quero simplesmente manter o circuito de informação em andamento. Se alguém se dá ao trabalho de me alertar e informar sobre a minha altura, para o caso de eu não ter reparado, só posso contribuir de volta.

E em conclusão uma chamada às armas:
Altos deste mundo, uni-vos!!!
Porque no fim de contas, e quanto à selecção natural, quem é que acham que tem maiores probabilidades de daqui a uns anos conseguir chegar ao oxigénio acima da camada de poluição?

Relação com o post anterior? Humm, pois...
As calças que são suficientemente compridas para eu poder usar botas de salto alto, estão-me apertadas e portanto não posso ficar ainda mais alta. Eu culpo os biscoitos!! (em parte pelo menos... ah! não, os doces do Natal e o facto de não ter tempo de ir ao ginásio não têm nada a ver com isso, não...)

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