Wednesday, October 03, 2012

Memórias de um tempo indefinido IV

Olho o lago, que brilhando com o pôr-do-sol, parece incendiar-se de dourado e laranja. É o fogo que vem arrefecer nas águas frias. O baloiço reflecte a luminosidade, brilhando como relíquia grandiosa de um templo. O majestoso salgueiro continua como sempre esteve desde que me conheço: impávido e sereno, testemunha de tantos verões passados entre mergulhos e fogueiras. O crepitar dos grilos guarda baixinho esses sons da lenha que ardeu em serões de histórias e tradições. A leve brisa que se levanta traz consigo os ecos da bela refeição que se está a preparar, ramalhando despedidas e finais. O desfecho aproxima-se.
O Verão extingue-se agora no horizonte, com o desaparecer do sol. Soturno, grave, o sussurro de uma cigarra canta-me trovas do que foram estas férias. Longe do rebuliço da cidade e afastada do centro da vila, a casa estaca; imponente, como um refúgio de alegrias partilhadas, segredos descobertos e novas memórias construídas. Permanece guardiã de tudo aquilo que passou e convida-nos para um reencontro dentro de um ano: novas aventuras estarão à espreita, gargalhadas e tardes recheadas de calma aguardam o nosso regresso. O salgueiro continuará no mesmo local e o gigante prepara-se para hibernar, esperando a volta do calor.
Para o ano há mais...

Friday, May 07, 2010

A Cantora Careca

Apareçam!!!

Monday, April 26, 2010

Conchinhas !

Saturday, April 10, 2010

All The World Is (In) A Stage

Sunday, April 04, 2010

...há algo de muito belo e tremendo numa multidão que, sentada às escuras, espera em silêncio a entrada de uma única vela acesa por entre fumos de incenso...

Sunday, March 28, 2010

Memórias de um tempo indefinido III

No fundo do terreno há um muro. Muro esse que sempre foi interdito. Supostamente não podíamos chegar perto desse muro, com ameaça de levarmos um bom puxão de orelhas da tia se descobrisse. Logicamente passávamos grandes tardes de volta dele. Quando éramos pequenos costumávamos brincar que as pesadas pedras escondiam um mundo maravilhoso, cheio de personagens fantásticas, dragões e princesas, feiticeiros e mouras encantadas. Ou que a aglomeração de rocha provinha de um antigo monumento megalítico, cromeleque de uma velha civilização. Um autêntico Stonehenge à mão de semear.
Assim, todos os anos inventávamos cerimónias de adoração e ensaiávamos tentativas de comunicar com qualquer ser que do outro lado se quisesse dar a conhecer. Era um muro vivo: coberto de musgo, líquens e cogumelos, só agravava a aura de mistério. Como é que as plantas sobreviviam sem estar no chão? Se todos os anos víamos o tio a tratar dos campos enquanto dizia com orgulho que “a terra é a força motriz por detrás de tudo” e é portanto o que faz crescer as coisas? Só com uma poderosa magia seria possível tal façanha.
Para apaziguar qualquer poder que controlasse aquela entrada para o mundo irreal, fazíamos oferendas. Não podendo comunicar à tia para que é que queríamos as coisas, tínhamos de arranjar alternativas. No terreno do vizinho, um pouco mais à frente, há um imenso pomar. Várias vezes, galgámos a cerca para apanhar belas maçãs verdes; tão verdes e perfeitas que até pareciam encomendadas de propósito para “apresentarmos ao Grande e Místico Muro”.
Antigo, solene, com poderosas pedras cinzentas, grandes demais a nossos olhos para terem sido colocadas alí por meras mãos humanas, o Grande e Místico Muro era também magnânimo e permitia-nos partilhar das dádivas que lá colocávamos. Em nenhuma vez, em outro lado, provei maçãs tão frescas e doces.
Nunca de lá veio ninguém, nem tivemos coragem de transpor o alto muro, com medo de não voltar. O muro não tinha sido feito para deixar os dois lados comunicar, quem éramos nós para o contrariar? Ainda assim, providenciou-nos ingredientes para tantas brincadeiras diferentes, que penso que não será, de todo, um muro vulgar. A sua magia fez crescer a nossa imaginação, e deu asas aos nossos sonhos de aventura.
Tantos anos passados, o muro ainda conserva o seu quê de fantasia e sumptuosidade. Um mistério nunca revelado. Um dia destes resolvi perguntar à tia afinal porque é que não nos podíamos aproximar dele. Um pouco a medo. Não sei se de quebrar o romance que paira sobre ele, num qualquer facto mundano. Ou de descobrir que as nossas suspeitas não eram afinal infundadas.
A conclusão surpreendeu-me e fez-me sorrir com cumplicidade escondida. A tia afinal já sabia que se nos proibísse, não íamos fazer mais nada senão ficar obcecados com o dito muro. E assim, dizia ela, conseguia arranjar maneira de nos afastar das árvores do vizinho. Porque essas sim, costumavam ser vítimas de feia ladroagem e seres endiabrados.
Talvez daqui a uns anos lhe conte. O problema é que as maçãs continuam a ser tão saborosas como da primeira vez...

Saturday, March 20, 2010

Com os Copos !


Friday, March 12, 2010

Boulevard

Friday, March 05, 2010

Sellotape

Lives are like retractable pencils
If you push them too hard they're gonna break
And people are like paper dolls
Paper dolls and people, they're a similar shape

Love is like a roll of tape
It's real good for making two things one
But just like that roll of tape
Love sometimes breaks off before you were done

Another way that love is similar to tape
That I've noticed
Is sometimes it's hard to see the end
You search on the roll(search on the roll)
Search on the roll(searching round the roll)
Search on the roll(search)
With your fingernail
Again and again
And again and again
And again.

Brown paper, white paper
Stick it together with the tape
The tape of love
The sticky stuff

Put the pencil to the paper
Give the paper to the people
Let the people read about the sello tape
Oh baby baby
Yeah
Brown paper, white paper
Stick it together with tape
The tape of love
Say it
Sticky
Stick stick
Stick it together
Ye-yeah

Flight of the Conchords


O meio é a comédia, mas a mensagem está lá...

Friday, February 26, 2010

Memórias de um tempo indefinido II

Não tinha sido uma boa ideia ir ao cinema. Era a conclusão que passava pela minha cabeça, às cinco da madrugada, com o galo prestes a cantar e eu ainda sem ter dormido. E depois de tudo isto, a noite. Sinistra no seu aparente silêncio, que se revela afinal recheado dos mais variados murmúrios.
A casa a ranger da madeira que se ajusta em perpétuo movimento. Como um antigo e terrífico gigante, que num sono profundo busca a respiração bem no seu íntimo. As árvores lá fora, parecem ocultar vultos. Sinto-me observada. Num esforço de tentar ignorar o que se passa à minha volta e que me deixa tão inquieta, escondo-me debaixo dos lençóis. Escuro. Apertado. Abafado. Falta-me o ar. De repente, um arrepio. De frio não será; apesar do vento que se faz ouvir lá fora, é uma quente noite de verão. O ar que circula é cálido, húmido. Parece a respiração do próprio gigante-casa. O arrepio tem outras razões.
A medo, volto a espreitar a cabeça de fora; o calor não me permite continuar no meu “abrigo” e sinto-o a fechar-se sobre mim. Estonteante e arrasador, acaba por intensificar o sentimento de estar encurralada nesta casa que à minha volta se contrai. Como tentativa de fuga, concentro-me na janela. O vento assobia nas portadas abertas.
O luar que tão útil foi na primeira noite para me abrir a visão do quarto, matiza toda a noite de palidez. É uma luz branca, fantasmagórica, que reveste a mobília, as paredes, o tapete, a cama... estremeço ao pensar nos seus efeitos sobre a minha cara. Pelo vidro, vejo sombras que se contorcem ao sabor do vento. Sombras vivas que avançam sobre mim e sobre a casa. Penso se afinal estarei mais segura fora deste espaço que me aperta, se a alternativa é enfrentar o que quer que se movimenta no exterior.
Subitamente, a minha visão periférica capta uma agitação perto das almofadas no tapete. Será que a antiga poltrona de baloioço, se mexeu por vontade própria? As outras opções não serão mais favoráveis, se eu estou no fim de contas, sozinha no quarto. Não. A luz que vem da Lua é que brinca com as pequenas partículas de pó, rodopiando no ar, numa dança hipnotizante e de certo modo, serena.
Serve para acalmar um pouco o semi-pânico paralisante que se instalou em mim, mas não me tira o peso de cima do coração. O meu cérebro protesta: deixa-te de parvoíces e vai dormir. É tudo resultado da sessão de cinema, a casa continua a ser a mesma, não está ninguém lá fora, não há monstros debaixo da cama, e mais nada. O lado racional a entrar em acção, apesar das insistências da minha imaginação hiperactiva que constrói todo este mundo que me assusta. Que resolveu começar a actuar apenas por sugestão, já que o filme não se prestava a grande supense ou sustos inesperados.
Dividida entre a razão e a emoção, fito o tecto. Tento não imaginar o alçapão a abrir-se, revelando qualquer coisa funesta, que escorregaria pelo caracol da escada, deslizando, diminuindo a distância que nos separa, movendo-se como uma sombra, pronta a atacar... Não. Chega. Infelizmente nunca preciso de nada que me assuste, consigo agoirar-me a mim própria.
O resto da casa dorme a sono solto e eu, ali. A pouco e pouco a recusar-me o descanso, a afastar o tão merecido repouso depois de mais um dia de grande actividade. E sem proveito de nenhuma espécie, antes pelo contrário, inquietando-me a cada momento.
Continuo a cismar nesta e noutras coisas enquanto estudo o padrão dos veios da madeira nas asnas que suportam o telhado. Acaba por se revelar uma actividade bastante apaziguadora e relaxante, e lentamente sinto o sono a acercar-se das poucas sinapses que ainda continuam teimosamente a disparar.
De súbito, o cantar do galo. O amanhecer apanha-me desprevenida, enquanto a luz substitui a escuridão, e a casa se transforma para o início de um novo dia. Os raios de sol espreitam entre os caixilhos das janelas, dotando o espaço de uma luz dourada e acolhedora que sobe pela parede. Corando a face pálida deixada pelo luar.
Mais um início, uma promessa de algo novo. Estou segura. Em paz. E assim, me deixo finalmente seduzir pelo sono. As pálpebras pesam e como última acção ainda presa à consciência, tento comunicar telepaticamente à minha tia que não me venha acordar pelo menos antes da hora do almoço.

Friday, February 19, 2010

Pequenina outra vez

Friday, February 12, 2010

Memórias de um tempo indefinido

A oportunidade era de aproveitar, sessões de cinema eram raras ali, e acabou por ser o programa escolhido para me voltar a encontrar com as primas. Enquanto os trailers dos filmes seguintes passavam, enterrámo-nos nas grandes poltronas de veludo puído. O cine-teatro, à época, tinha sido construído com todos os requintes possíveis e imagináveis. O responsável pela ambiciosa empreitada, um filho da vila que tinha feito fortuna no estrangeiro, quis que tudo fosse feito com a memória dos melhores teatros de Paris e Londres.
As cadeiras, de primoroso veludo vermelho, bem forradas e com pormenores em madeira escura, estavam brilhantes na noite de abertura. A sala não era grande, mas era rica e a estreia teve honras de realeza. Os pesados reposteiros convidavam a entrar naquele mundo tão diferente, de ilusão e luxo. As fofas carpetes, tinham sido colocadas quase na véspera, para serem estreadas apenas pelas altas individualidades da vila. O cartaz, para uma tão importante noite, era uma peça simples, revista à portuguesa, popularucha, organizada pelo grupo de teatro da paróquia. A atmosfera, essa, era de festa.
Nunca se tinha visto tanto janotismo, nem mesmo na procissão da Semana Santa. Os “solipédes” chegaram na noite de abertura, com toda a pompa e circunstância. Chamavam-lhes assim, por serem aqueles que, para lazer, podiam ter o seu próprio cavalo (solípede). O povo, ficou a ver aquele desfile, antes de entrar e ocupar os lugares mais baratos. Era como os Óscares e a sua passadeira vermelha. A tia costumava contar esse “espectáculo” que tinha visto em pequena muitas vezes. Como todos estavam garbosos: estrelas de cinema por uma noite; e como o Menino Francisco lhe tinha sorrido e atirado um beijo sem a mãe dela ver.
Mesmo já desgastado e usado, não é difícil imaginar tão grande festa, quando passo pelos tecidos coçados e queimados pela luz, do magnífico cine-teatro. Lembranças de plumas e veludos, de lantejoulas e franjas ecoam pelas salas. O parapeito do balcão sente ainda a leveza das luvas que por ele passaram, e o bengaleiro, o peso das peles.
No meio da memória de tanto luxo e belas recordações, em exibição estava um filme de terror. Um “gore” da pior espécie com membros decepados em todas as direcções, cabeças cortadas e sangue por todo o lado. Era o que estava programado, e a ida ao cinema tinha sido escolhida sem sabermos o que ia passar. À saída, enquanto pensávamos na sabedoria que tínhamos demonstrado em querer ver o filme de qualquer das maneiras, encolhemo-nos umas contra as outras, com medo do que poderia estar à espreita por trás de portas entreabertas.
A história rica do teatro só faz com este pareça agora o palco perfeito para assombrações de antigos actores, segredos embebidos nas carpetes e terrores escondidos lá em baixo, nos camarins. Quando uma criança que nem devia ter estado a ver aquele filme - e que aliás, por incrível que pareça, passou o tempo todo a rir - , salta do meio dos reposteiros para nos pregar um susto, decidimos acompanhar-nos às casas umas das outras. Assim, a nossa, que não seria a mais longe, fica para último por sermos o grupo maior. Depois de lentas e penosas deambulações por campos na penumbra, chegamos a casa.
Quando atravessamos finalmente a ombreira e o sentimento de segurança se espalha, um mocho solitário pia. Três vezes, como um sinistro vaticínio, desassossegando-nos o espírito.

Monday, January 25, 2010

Memórias...

Friday, November 27, 2009

Improviso Visual II

E, para finalizar, mais um bocadinho...


Wednesday, November 25, 2009

Improviso Visual

Só um pequeno cheirinho...







Monday, November 23, 2009

Viva o improviso!!

  • Vermes Zombies do Espaço
  • Emo's, Tiazocas, Católicas, Empresárias e Paramédicas
  • Telenovelas Venezuelanas dobradas em Brasileiro
  • A Marcha dos Pinguins, a Popota e os Teletubbies
  • Sensualidade Espanhola
  • Ópera dramática
  • Alemães irritados dos anos 30
  • Relatos de Futebol
  • Teatro Abstracto
  • O anúncio do Pingo Doce
  • Woodstock e a união com a Natureza
  • E, em grande: Jogadores de Rugby zangados que andam à Robot (não, não foi combinado)
  • Sem esquecer é claro, as belas Gárgulas de Poliéster

O que é que tem tudo isto em comum?
Não sei ao certo, mas liga muito bem com uma bela OMOLETE!

(Nunca me tinha divertido tanto em palco... E acho que o público também se divertiu...)

Fotografias para breve... E quem sabe talvez um vídeo...

Wednesday, November 04, 2009

Olhares...

Ninguém conseguia olhar para os olhos dele. Quando digo que cruzávamos olhares quero dizer que eu me deixava sentir o olhar dele cravado em mim enquanto fitava atentamente:...

A lata de feijão manteiga da segunda prateleira do terceiro corredor…

Olhe, o doutor Márcio nunca conversou comigo. Nem sequer olhava para mim. Trabalhei para ele vinte e três anos e ele nunca olhou para mim…

E ainda bem, devo dizer!... Que ele tinha cá uma maneira de olhar! Parecia que nos enfiava uma sonda cá por dentro até à alma, credo!...

Acredita que ele me fazia sentir a pessoa mais pequena do mundo… só com o olhar?

Acredito, sim, minha senhora...

Duas Nozes e um Abre-Latas
Álvaro Cordeiro

Friday, October 23, 2009

The Fountainhead

"Thousands of years ago, the first man discovered how to make fire. He was probably burned at the stake he had taught his brothers to light. He was considered an evildoer who had dealt with a demon mankind dreaded. But thereafter men had fire to keep them warm, to cook their food, to light their caves. He had left them a gift they had not conceived and he had lifted dardness off the earth. Centuries later, the first man invented the wheel. He was probably torn on the rack he had taught his brothers to build. He was considered a transgressor who ventured into forbidden territory. But thereafter, men could travel past any horizon. He had left them a gift they had not conceived and he had opened the roads of the world.
“That man, the unsubmissive and first, stands in the opening chapter of every legend mankind has recorded about its beginning. Prometheus was chained to a rock and torn by vultures—because he had stolen the fire of the gods. Adam was condemned to suffer—because he had eaten the fruit of the tree of knowledge. Whatever the legend, somewhere in the shadows of its memory mankind knew that its glory began with one and that that one paid for his courage.
“Throughout the centuries there were men who took first steps down new roads armed with nothing but their own vision. Their goals differed, but they all had this in common: that the step was first, the road new, the vision unborrowed, and the response they received—hatred. The great creators—the thinkers, the artists, the scientists, the inventors—stood alone against the men of their time. Every great new thought was opposed. Every great new invention was denounced. The first motor was considered foolish. The airplane was considered impossible. The power loom was considered vicious. Anesthesia was considered sinful. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered and they paid. But they won.
“No creator was prompted by a desire to serve his brothers, for his brothers rejected the gift he offered and that gift destroyed the slothful routine of their lives. His truth was his only motive. His own truth, and his own work to achieve it in his own way. A symphony, a book, an engine, a philosophy, an airplane or a building—that was his goal and his life. Not those who heard, read, operated, believed, flew or inhabited the thing he had created. The creation, not its users. The creation, not the benefits others derived from it. The creation which gave form to his truth. He held his truth above all things and against all men.
“The creators were not selfless. It is the whole secret of their power—that it was self-sufficient, self-motivated, self-generated. A first cause, a fount of energy, a life force, a Prime Mover. The creator served nothing and no one. He lived for himself.
“And only by living for himself was he able to achieve the things which are the glory of mankind. Such is the nature of achievement.
“We inherit the products of the thought of other men. We inherit the wheel. We make a cart. The cart becomes an automobile. The automobile becomes an airplane. But all through the process what we receive from others is only the end product of their thinking. The moving force is the creative faculty which takes this product as material, uses it and originates the next step. This creative faculty cannot be given or received, shared or borrowed. It belongs to single, individual men. That which it creates is the property of the creator. Men learn from one another. But all learning is only the exchange of material. No man can give another the capacity to think. Yet that capacity is our only means of survival.

Howard Roark's Courtroom Speech From The Fountainhead, Ayn Rand
(excertos)

Tuesday, October 20, 2009

In B-Flat

Para tocar ao mesmo tempo... separados... pela ordem que quiserem... Enjoy!!!

O original aqui http://inbflat.net/

Tuesday, October 06, 2009

VII - Teatro

Eu não conheço assim muita coisa de Teatro.

Muito raramente vou ver peças de teatro profissional. É caro, nunca sei o que está em cena e envolve sempre um grande malabarismo de conciliação de datas disponíveis, horários possíveis e planeamento de todo o evento. Gosto de ir, mas é complicado. É uma das razões porque vai muito mais gente ao cinema - é só chegar lá e ver o que é que apetece, tipo fast food. O Teatro é uma coisa mais gourmet; investiga-se, saboreia-se e o resultado, apesar de bastante agradável, dá trabalho.

Assim, vejo muito teatro amador. O facto de pertencer a um grupo, facilita o acesso a espectáculos. Nas conversas entre ensaios há sempre uma peça que um vai fazer, ou aquilo que vai estar em cena pelo grupo da faculdade de outro, e tal e tal, funcionando como um cartaz de ofertas. Sempre vejo alguma coisa, e se não gostar muito da sugestão, pelo menos não gastei muito.

É preciso amar o teatro amador!
Um grupo de pessoas que, apesar de todos os percalços, atrasos, faltas, adiamentos e complicações... insiste em reunir-se semana após semana com uma paixão em comum.

Porque a escolha da peça depende em parte do número de pessoas e ninguém fica de fora.
Porque o figurino consiste em roupas antigas que temos em casa e emprestamos uns aos outros.
Porque no cenário está a nossa mobília de casa.
Porque o texto foi alguém que escreveu, a música foi alguém que compôs e fez o arranjo, e o cartaz foi alguém que inventou.
Porque só temos sala se nos pusermos a mexer e andarmos à procura.
Porque quando não dá, ensaiamos na casa de um ou na garagem de outro.
Porque damos tudo de nós e não ganhamos dinheiro por isso.
Porque continuamos...

A voz do teatro amador está bem viva e recomenda-se!
Só é preciso sangue, suor e lágrimas para não a deixar morrer...
(Mas o que somos nós senão um grupo de masoquistas?)

Labels:

Sunday, September 27, 2009

Retratos de Márcio


Nova actuação este ano...
É um conjunto de 3 pequenas peças, espero k possam ir !!!
Vai ser no Salão da Igreja de Benfica, já que fomos "chutados" do Turim do outro lado da rua...
5ª e 6ª only, levem e convidem quem quiserem, está tudo à vontade: é de borla!
Bjinhos grandes
(ah! e o cartaz fui eu que fiz, se precisarem de trabalhos de design gráfico...lol)

Friday, May 08, 2009

100 !!!

100 posts written on this blog

100 posts written on this blog

And if 1 of these posts should accidentally suck...

There are still other 99 posts written on this blog!

99 posts written on this blog...

...

Quem nunca aprendeu a "100 Green Bottles sitting on the wall", não aprendeu nada em inglês....
E não pode cantar esta música...

Wednesday, May 06, 2009

Wordle


O Dreaming I'll Be em poucas palavras...

Wednesday, March 25, 2009

VI - Voz

Eu gosto de cantar. Muito.

Sei as letras de praticamente todas as músicas que tenho no computador e de muitas outras mais que na maioria das vezes nem sei quem as canta. Quando estou sozinha em casa/no atelier a fazer maquetes/o resto da famelga está na outra ponta da casa, gosto de por o media player no shuffle e fazer duetos com o computador. Não esquecendo é claro de por o volume bem alto e cantar "like you mean it".

Acho que até costumo cantar bem, mas estas experiências não podem ser feitas na presença de terceiros. Os segundos são claro os ditos artistas que fazem questão de me acompanhar sempre, mesmo quando provoco duros golpes na integridade da sua música. Mas introduzir uma "segunda voz" quase nunca resulta à primeira e mais vale agraciar os ouvidos alheios apenas com o resultado final da pesquisa. E desengane-se quem achar que este pequeno exercício tem a única finalidade de me entreter (não sei quem é que pode achar isso, que quase ninguém lê este blog, mas pronto...). Não, não... É preparação para o futuro. Porquê?
Porque quando chegar o dia em que, estiver num concerto e por ocasião do destino, quem estiver a tocar decidir escolher alguém do público para ir cantar ao palco um dueto, e essa escolha cair improvavelmente sobre a minha humilde pessoa, tenho de estar preparada para fazer uma interpretação da música com uma harmonia tão fabulosa com o cantor, que faça com que os altos poderes decidam que têm de assinar contrato comigo naquele instante, iniciando assim a minha longa e próspera carreira no mundo da música... (sim..pois..)
Para dizer a verdade, se isso alguma vez chegasse a acontecer (e acho que me saía o Euromilhões primeiro...), acho que o mais provável de acontecer era eu acabar por dizer "EU? Ah não, deve querer falar com a rapariga ao meu lado... Vai começar em Ré? Esqueça, eu nem conheço as músicas... Deixe estar, fica para a próxima. Muito obrigado.". A menos que estivesse influenciada por "coragem líquida" e aí o resultado talvez fosse desastroso já no palco.

Mas disparates aparte, acho que esta mania já vem de quando eu era pequenina. Muitas vezes, os almoços de Domingo eram passados na sala grande ao som de discos (sim, vinil e tal...) dos meus pais. Ocasionalmente também tinham direito de antena alguns meus e da minha irmã, que naquela faixa etária e possíveis de ser tocados no gira-discos, consistiam numa colectânea de músicas para crianças com o Vitorino e um pequeno disco com o hit-single "Uma árvore é um amigo", entre outros (Onda-choque e coisas que tais já vinham em k7).
Dentro da biblioteca possível, estava um disco do Nat King Cole. E desde sempre me lembro de achar lindíssimo o dueto com a filha dele, Natalie Cole. Principalmente por ele já ter morrido e a parte dela ter sido gravada por cima, para simular que tinham cantado juntos. As primeiras vezes que ouvi não fazia ideia, tão encaixadas me pareciam as vozes. A ideia de que a música podia ser um meio de unir duas pessoas, mesmo que por um bocadinho, criava-me arrepios (dos bons).

Para além disso, os meus pais conheceram-se no coro da Universidade, e sempre ouvi várias músicas ditas eruditas, despretensiosamente cantadas a duas vozes. Conheço a parte de soprano e de baixo de muita coisa cantada por aí...

Algo me diz que era capaz de ser muito feliz a cantar para viver (em muitas situações sinto que vivo parcialmente para cantar...).
A voz da consciência diz-me que, dado o historial, o tempo passado em palco era capaz de acabar comigo a fitar o chão à frente dos meus pés, levando amigos meus a pensar que tinha um papel com a letra no chão... (não sei, diz que já aconteceu...pois...). Mas sem deixar de cantar e até receber palmas no fim, vá lá...

Labels:

VI - Voz (Apoio Auditivo)

Labels:

Wednesday, March 11, 2009

A mais recente adição à família

A minha árvore adoptiva
Erythrina Maria
Trini, para os amigos...

Monday, March 09, 2009

V - Consciência

Estou consciente. Sou consciente.

O que é que isso quer dizer efectivamente?

Estar consciente refere normalmente para um estado desperto, alerta. Isso estou. Por acaso hoje de manhã ainda custou um bocado a acordar. Mas estou consciente.
No entanto, não posso dizer que estou consciente de tudo, e muito menos que sou consciente. Porque até que ponto é que podemos efectivamente reconhecer a nossa sabedoria sobre todos os factores que determinam as acções? Porque é o que eu acho que é estar consciente. Ora, isso nunca estou. Pouca capacidade de planeamento? Acho que não. Mas existe sempre um espectro dedicado ao acaso, sobre o qual não é possível agir.

Ter consciência de tudo acaba por ser um bocado prever o futuro. O que é possível para pequenos intervalos de tempo e coisas específicas e mesmo assim nem sempre resulta. Posso prever que daqui a um minuto vou estar ainda a escrever ao computador, o que é bastante provável, mas posso espirrar nessa altura e a previsão falhou.
Bem, se calhar o facto de reconhecer que todas as situações estão de algum modo ligadas ao acaso, dá-me uma visão abrangente das coisas e torna-me consciente... hummm...
Mas chega de filosofias que ainda me sai uma ignorantia ergo conscientia...

Acho que se pudesse ter a tal "consciência previsora de futuros possíveis", mesmo assim não a quereria. Os seres humanos não estão equipados para ser oráculos de toda a sabedoria, porque é isso que implica. Os míticos videntes não são conscientes, pois vêem os fins e não os meios e aí é que reside o comum dilema: agir e precipitar os acontecimentos ou esperar e ver algo acontecer que podia ter sido evitado? A consciência analisa os meios e tira conclusões sobre os fins, vem do conhecimento.

Ai...que coisa tão eloquente... e consciente...
Eu não tinha consciência de que este post se ía tornar um texto tão metafísico.
Tenho agora consciência do facto de que fora aquelas coisas chatas de ter de decorar o que é que fulano tal disse sobre este e aquele assunto, até gostava de Filosofia. E das aulas de Filosofia. Principalmente aquelas com fadinho...
Quando comecei isto, não tinha de todo consciência de que as minhas galochas me íam levar a reflexões tão profundas (por mais catitas que sejam).

Também não tenho consciência de quando é que vou conseguir parar de utilizar frases que não tenham a palavra consciência, depois deste post...

Sou uma jovem "inconciente". E fica isso para exame de consciência...

Labels:

Monday, February 16, 2009

IV - Exames

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!

Isto só a mim...

A quem é que acontece estudar para um exame de uma disciplina que afinal já se passou?


Altura de Exames...É o pior...

Labels:

Monday, February 09, 2009

Da memória

Fala-se muito da relação entre a memória e o cheiro. Que os agentes olfactivos são, dos vários sentidos, os mais eficientes a despoletar memórias. Há até quem use o cheiro na recuperação de pacientes com amnésia. Realmente é facil de perceber que é verdade, e já aconteceu a toda a gente ir pela rua e de repente, sentir um aroma que nos leva de volta para um tempo diferente e um acontecimento específico.
Eu por exemplo, sempre que sinto o cheiro a canela, lembro-me de ajudar a minha avó a fazer o arroz-doce. Ou aquele cheiro enjoativo a tília, que me lembra de ir a caminho do colégio. Lareira a arder é o mesmo que Natal. O cheiro a cera na madeira lembra-me qualquer coisa entre saraus de ginástica, ballet e teatro...

O sabor, é claro, também me lembra muita coisa. Como as batatas Ti-Ti que sabem a praia. Óregãos lembra-me férias de verão. Aletria é os meus anos. Manga é Brasil. Cerejas lembra-me uma viagem ao Porto.

Mas acho que o que para mim é ainda mais específico é a memória associada à audição. Os sons trazem-me as memórias mais inequívocas. É mesmo aquele momento e não outro. Cheguei a essa conclusão no fim-de-semana, depois de ouvir num curto espaço de tempo, várias músicas que me lembram acontecimentos. E por isso, acho que isto vai andar sempre em paralelo: "Grace Kelly", Mika e o Carnaval de 2007; "As 4 Estações", Vivaldi e os almoços de Domingo quando era pequenina; "Contentores", Xutos e o Dia de turma praí do 7ºano; "Pump It", Black Eyed Peas e uma boleia para Entrecampos, a descer a avenida; "Flake", Jack Johnson e a viagem de Madrid para cá no 12ºano, entre muitos, muitos, outros...

E agora, "Ready to Go", Republica e o jantar de despedida da Wi...

Friday, January 09, 2009

III - Altura

1.77m (No CC, mas é capaz de ser mais)

Eu sempre fui alta. Sempre. Já saí da barriga da minha mãe mais alta que os outros da minha idade (Precoce? Não, alta!).
Nas fotos da escola, eu era aquela que ficava acima da linha criada pelas cabeças dos meus colegas. Até a minha mãe dizia que eu parecia a burrinha que tinha ficado para trás, e por isso mais velha que os outros todos. O que era em parte verdade, porque faço anos em Janeiro e era mesmo mais velha que quase todos, o que ainda aumentava mais a diferença.
Para ajudar à festa, um dos meus melhores amigos tinha metade do meu tamanho e foi o meu par na festa da primeira comunhão, o que fez rir à grande os nossos pais quando entramos no cortejo. Ainda hoje, estamos os dois no teatro e temos sempre de fazer cenas juntos, que é mais divertido (de preferência comigo de saltos).

Ser alta dá jeito para muitas coisas. Arrumar e tirar as coisas da prateleira de cima, conseguir encontrar gente conhecida num concerto apinhado, nunca ter de fazer bainha nas calças, tal e tal...
Joguei vólei por mais de dez anos e era sempre mais fácil: um bloco bastante intransponível e quando a bola vinha a jeito, rematar direitinha para baixo.
Por outro lado, é chato. Ter de fazer de "escadote" para toda a gente, encontrar calças compridas que chegue, não poder usar saltos altos muitas vezes, por pena de receber olhares acusadores tipo " Não achas que já te chega?" ou "Assim fazes-me parecer atarracada!" ou ainda o estranho olhar de camponês a suplicar ao gigante de 10m de altura "I feel small..."
Para além disso, há algo de desconcertante sobre o facto de se conseguir ver o topo das cabeças de cerca de 85% das pessoas em qualquer sala.

E ter de ouvir o infame comentário "Estás tão alta", durante um intervalo de tempo muito maior que a puberdade e até agora ainda sem fim à vista, e em todas as suas variantes, incluindo entre outras:
o absoluto analítico - "estás muito alta"
a constatação simples - "és muito alta"
a constatação confirmada - "és mesmo alta, não és?"
e o célebre spin-off - "estás de saltos? ah, não"

Por isso recentemente, e após anos de opressão (pode-se chamar opressão se vem de baixo?), decidi que basta!
A partir de agora, o dito comentário "És alta", receberá sempre da minha parte a resposta "E tu és baixa". Não me critiquem, não é um insulto, é apenas a constatação simples em modo contrário e quero simplesmente manter o circuito de informação em andamento. Se alguém se dá ao trabalho de me alertar e informar sobre a minha altura, para o caso de eu não ter reparado, só posso contribuir de volta.

E em conclusão uma chamada às armas:
Altos deste mundo, uni-vos!!!
Porque no fim de contas, e quanto à selecção natural, quem é que acham que tem maiores probabilidades de daqui a uns anos conseguir chegar ao oxigénio acima da camada de poluição?

Relação com o post anterior? Humm, pois...
As calças que são suficientemente compridas para eu poder usar botas de salto alto, estão-me apertadas e portanto não posso ficar ainda mais alta. Eu culpo os biscoitos!! (em parte pelo menos... ah! não, os doces do Natal e o facto de não ter tempo de ir ao ginásio não têm nada a ver com isso, não...)

Labels: