Wednesday, November 04, 2009

Olhares...

Ninguém conseguia olhar para os olhos dele. Quando digo que cruzávamos olhares quero dizer que eu me deixava sentir o olhar dele cravado em mim enquanto fitava atentamente:...

A lata de feijão manteiga da segunda prateleira do terceiro corredor…

Olhe, o doutor Márcio nunca conversou comigo. Nem sequer olhava para mim. Trabalhei para ele vinte e três anos e ele nunca olhou para mim…

E ainda bem, devo dizer!... Que ele tinha cá uma maneira de olhar! Parecia que nos enfiava uma sonda cá por dentro até à alma, credo!...

Acredita que ele me fazia sentir a pessoa mais pequena do mundo… só com o olhar?

Acredito, sim, minha senhora...

Duas Nozes e um Abre-Latas
Álvaro Cordeiro

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