Wednesday, October 03, 2012

Memórias de um tempo indefinido IV

Olho o lago, que brilhando com o pôr-do-sol, parece incendiar-se de dourado e laranja. É o fogo que vem arrefecer nas águas frias. O baloiço reflecte a luminosidade, brilhando como relíquia grandiosa de um templo. O majestoso salgueiro continua como sempre esteve desde que me conheço: impávido e sereno, testemunha de tantos verões passados entre mergulhos e fogueiras. O crepitar dos grilos guarda baixinho esses sons da lenha que ardeu em serões de histórias e tradições. A leve brisa que se levanta traz consigo os ecos da bela refeição que se está a preparar, ramalhando despedidas e finais. O desfecho aproxima-se.
O Verão extingue-se agora no horizonte, com o desaparecer do sol. Soturno, grave, o sussurro de uma cigarra canta-me trovas do que foram estas férias. Longe do rebuliço da cidade e afastada do centro da vila, a casa estaca; imponente, como um refúgio de alegrias partilhadas, segredos descobertos e novas memórias construídas. Permanece guardiã de tudo aquilo que passou e convida-nos para um reencontro dentro de um ano: novas aventuras estarão à espreita, gargalhadas e tardes recheadas de calma aguardam o nosso regresso. O salgueiro continuará no mesmo local e o gigante prepara-se para hibernar, esperando a volta do calor.
Para o ano há mais...

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