Verão
"Nunca precisei da data para reconhecer que chegava. umas vezes mais tarde, outras mais cedo. Raramente pontual. O Verão.
Anuncia-se sempre assim, a mim, com um simples vapor de sal, e basta.
A ilha enche-se de cor. É a primavera do oceano, abrangendo, contangiando, tingindo... E tudo se torna repentinamente, incrivelmente azul.
O céu. O mar. A minha varanda e eu.
Por pouco a perfeição, não fosse só esse só que se me vinha adocicando, solvendo. Cristaliza-se o sentimento para que se possa deslizar melhor sobre angústia e é a partir dessa translúcida solidez que se me irrompe a sensação que o Inverno tudo varre...quase tudo varre. Porque depois há sempre alguém que passa, um rasto de invisibilidade, um suspiro desgarrado, um incenso, um cintilar...
Mas agora, sobre a cicatriz do meu desequilíbrio já se podia sonhar...
O soalho está quente mas não escalda ainda sob os pés...
Correm-me frescuras entre os dedos.
O mundo é luz. Luz fraca. Nada distorce.
A água espelha-se, as ondas quebram mansamente umas sobre as outras; a areia já cheira a praia e as sombras minguam sob a verticalidade solar; há no ar um trinado constante, sulcado de quando a quando pelo tronco grave das avionetas...
Teria ficado ali, recebendo-te, o resto do dia, meu querido Verão."
2 Alvitres:
o que é q andas a ler??? é q este texto soou-me mt mt bem... ah, ja s sente aqui a maresia... :D
Azul!Azul!Azul!!!
adoro esse livro...
...e adoro o mar...
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