Thursday, May 11, 2006

Surreal

Subitamente vejo-me rodeada de coisas impossíveis.
Um estrado vira cama.
Uma luz vermelha traz um pesadelo.
A água passa a ser ardente e chá vira whisky (não confundir com certos milagres...).
Um candeeiro faz uma rua.
Alguém morto à esquerda, dorme também à direita.
Uma mulher é mãe de outra e essa é pai da primeira.
Num repente passam vinte anos e uma sobrinha é agora mãe.
Pessoas que não existem matam pessoas imaginárias.
E pior! Destroem pessoas reais.

... E tudo isto em três actos

Assim é a magia do teatro...

Tuesday, May 02, 2006

Os três porquinhos...

Ando na corda bamba. Entre escalas de música, salto no trapézio e vejo o mundo por entre paredes de cristal. Elevo-me pela literatura e viajo por terras fantásticas e vidas paralelas. Olho o rio. E enquanto aquela última nota ainda ressoa nas traves da casa, as palmas chegam. Muitas. Cheias de vida. E, mesmo estando na minha casa sólida que me protege, e mesmo sabendo que não são para mim, sinto a sua força. A casa não me isola. Posso libertar-me pela sabedoria e observar a vida, senti-la ao meu lado. A alegria que vem da arte é infinita. Qualquer que seja a arte. Lá fora, há já crianças com dores no pescoço de tanto olhar para cima. Vêem os meus movimentos alados. E mesmo receando que a qualquer momento vá saltar para o rio, olham avidamente. A música faz-me sentir grande e quando toco, sou eu bailando pelos ares, e sou eu rodeada de mundos maravilhosos que alguém escreveu. A madeira nas paredes, sempre diferente, sempre orgânica, põe-me no meio da natureza. E eu estou de facto no meio da natureza. Em cima do rio, com uma ravina às costas, olhando as colinas do outro lado e espreitando o mar.


Acho que já sou um porquinho... não? Ai Ginjal, Ginjal...