Wednesday, March 25, 2009

VI - Voz

Eu gosto de cantar. Muito.

Sei as letras de praticamente todas as músicas que tenho no computador e de muitas outras mais que na maioria das vezes nem sei quem as canta. Quando estou sozinha em casa/no atelier a fazer maquetes/o resto da famelga está na outra ponta da casa, gosto de por o media player no shuffle e fazer duetos com o computador. Não esquecendo é claro de por o volume bem alto e cantar "like you mean it".

Acho que até costumo cantar bem, mas estas experiências não podem ser feitas na presença de terceiros. Os segundos são claro os ditos artistas que fazem questão de me acompanhar sempre, mesmo quando provoco duros golpes na integridade da sua música. Mas introduzir uma "segunda voz" quase nunca resulta à primeira e mais vale agraciar os ouvidos alheios apenas com o resultado final da pesquisa. E desengane-se quem achar que este pequeno exercício tem a única finalidade de me entreter (não sei quem é que pode achar isso, que quase ninguém lê este blog, mas pronto...). Não, não... É preparação para o futuro. Porquê?
Porque quando chegar o dia em que, estiver num concerto e por ocasião do destino, quem estiver a tocar decidir escolher alguém do público para ir cantar ao palco um dueto, e essa escolha cair improvavelmente sobre a minha humilde pessoa, tenho de estar preparada para fazer uma interpretação da música com uma harmonia tão fabulosa com o cantor, que faça com que os altos poderes decidam que têm de assinar contrato comigo naquele instante, iniciando assim a minha longa e próspera carreira no mundo da música... (sim..pois..)
Para dizer a verdade, se isso alguma vez chegasse a acontecer (e acho que me saía o Euromilhões primeiro...), acho que o mais provável de acontecer era eu acabar por dizer "EU? Ah não, deve querer falar com a rapariga ao meu lado... Vai começar em Ré? Esqueça, eu nem conheço as músicas... Deixe estar, fica para a próxima. Muito obrigado.". A menos que estivesse influenciada por "coragem líquida" e aí o resultado talvez fosse desastroso já no palco.

Mas disparates aparte, acho que esta mania já vem de quando eu era pequenina. Muitas vezes, os almoços de Domingo eram passados na sala grande ao som de discos (sim, vinil e tal...) dos meus pais. Ocasionalmente também tinham direito de antena alguns meus e da minha irmã, que naquela faixa etária e possíveis de ser tocados no gira-discos, consistiam numa colectânea de músicas para crianças com o Vitorino e um pequeno disco com o hit-single "Uma árvore é um amigo", entre outros (Onda-choque e coisas que tais já vinham em k7).
Dentro da biblioteca possível, estava um disco do Nat King Cole. E desde sempre me lembro de achar lindíssimo o dueto com a filha dele, Natalie Cole. Principalmente por ele já ter morrido e a parte dela ter sido gravada por cima, para simular que tinham cantado juntos. As primeiras vezes que ouvi não fazia ideia, tão encaixadas me pareciam as vozes. A ideia de que a música podia ser um meio de unir duas pessoas, mesmo que por um bocadinho, criava-me arrepios (dos bons).

Para além disso, os meus pais conheceram-se no coro da Universidade, e sempre ouvi várias músicas ditas eruditas, despretensiosamente cantadas a duas vozes. Conheço a parte de soprano e de baixo de muita coisa cantada por aí...

Algo me diz que era capaz de ser muito feliz a cantar para viver (em muitas situações sinto que vivo parcialmente para cantar...).
A voz da consciência diz-me que, dado o historial, o tempo passado em palco era capaz de acabar comigo a fitar o chão à frente dos meus pés, levando amigos meus a pensar que tinha um papel com a letra no chão... (não sei, diz que já aconteceu...pois...). Mas sem deixar de cantar e até receber palmas no fim, vá lá...

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VI - Voz (Apoio Auditivo)

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Wednesday, March 11, 2009

A mais recente adição à família

A minha árvore adoptiva
Erythrina Maria
Trini, para os amigos...

Monday, March 09, 2009

V - Consciência

Estou consciente. Sou consciente.

O que é que isso quer dizer efectivamente?

Estar consciente refere normalmente para um estado desperto, alerta. Isso estou. Por acaso hoje de manhã ainda custou um bocado a acordar. Mas estou consciente.
No entanto, não posso dizer que estou consciente de tudo, e muito menos que sou consciente. Porque até que ponto é que podemos efectivamente reconhecer a nossa sabedoria sobre todos os factores que determinam as acções? Porque é o que eu acho que é estar consciente. Ora, isso nunca estou. Pouca capacidade de planeamento? Acho que não. Mas existe sempre um espectro dedicado ao acaso, sobre o qual não é possível agir.

Ter consciência de tudo acaba por ser um bocado prever o futuro. O que é possível para pequenos intervalos de tempo e coisas específicas e mesmo assim nem sempre resulta. Posso prever que daqui a um minuto vou estar ainda a escrever ao computador, o que é bastante provável, mas posso espirrar nessa altura e a previsão falhou.
Bem, se calhar o facto de reconhecer que todas as situações estão de algum modo ligadas ao acaso, dá-me uma visão abrangente das coisas e torna-me consciente... hummm...
Mas chega de filosofias que ainda me sai uma ignorantia ergo conscientia...

Acho que se pudesse ter a tal "consciência previsora de futuros possíveis", mesmo assim não a quereria. Os seres humanos não estão equipados para ser oráculos de toda a sabedoria, porque é isso que implica. Os míticos videntes não são conscientes, pois vêem os fins e não os meios e aí é que reside o comum dilema: agir e precipitar os acontecimentos ou esperar e ver algo acontecer que podia ter sido evitado? A consciência analisa os meios e tira conclusões sobre os fins, vem do conhecimento.

Ai...que coisa tão eloquente... e consciente...
Eu não tinha consciência de que este post se ía tornar um texto tão metafísico.
Tenho agora consciência do facto de que fora aquelas coisas chatas de ter de decorar o que é que fulano tal disse sobre este e aquele assunto, até gostava de Filosofia. E das aulas de Filosofia. Principalmente aquelas com fadinho...
Quando comecei isto, não tinha de todo consciência de que as minhas galochas me íam levar a reflexões tão profundas (por mais catitas que sejam).

Também não tenho consciência de quando é que vou conseguir parar de utilizar frases que não tenham a palavra consciência, depois deste post...

Sou uma jovem "inconciente". E fica isso para exame de consciência...

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